Hidrogênio verde na agenda dos presidenciáveis

O que dizem os candidatos e integrantes das campanhas sobre o “combustível do futuro”

O que dizem os candidatos e integrantes das campanhas sobre o “combustível do futuro”

Hidrogênio verde na agenda dos presidenciáveis. Na imagem, candidatos à Presidência da República no debate eleitoral em 2022 (Foto: Reprodução Band)
Entre os quatro primeiros colocados nas pesquisas eleitorais para a presidência, Lula é o único que não cita o hidrogênio verde (H2V) em seu programa de governo (Foto: Reprodução Band)

Entre os quatro primeiros colocados nas pesquisas eleitorais para a presidência, Lula é o único que não cita o hidrogênio verde (H2V) em seu programa de governo, apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A campanha do petista, líder nas intenções de voto, desistiu de apresentar um plano detalhado de governo, enquanto constrói alianças na busca pela vitória em primeiro turno.

Uma agenda climática foi assegurada a Marina Silva,  presidenciável de outrora, que concorre a deputada federal pela Rede, em São Paulo, e se reconciliou com o PT, na campanha para derrotar a política ambiental de Bolsonaro nas urnas.

O que se sabe por enquanto é…

O professor Maurício Tolmasquim chegou a declarar que o Brasil estava atrasado em relação a políticas para o hidrogênio verde.

Ex-presidente da EPE em governos petistas, Tolmasquim colaborou na área de energia do programa de Lula.

“Deveríamos ter linhas de financiamento claras para um programa desse porte, analisar toda a infraestrutura de exportação, se os portos estão adequados ou não”, disse à Carta Capital, em junho.

Portos, rotas de exportação, logística — incluindo offshore — e gás para abastecer eletrolisadores e reformadores tem sido o modelo preferido dos projetos pioneiros no Brasil.

“[Precisamos] estudar e promover meios de baratear a instalação dos eletrolisadores, como revisar a tarifa de importação de componentes, facilitar as condições para o investidor construir o seu negócio”, reformou Tolmasquim.

Ainda nos bastidores, o senador Jean Paul Prates (PT/RN) busca espaço na cúpula da política energética em um futuro governo Lula.

O senador tem como bandeira no congresso as energias renováveis, sendo autor da Lei do Hidrogênio e da lei que tenta definir um marco regulatório das eólicas offshore — consideradas essenciais para o desenvolvimento da indústria de H2V.

Lula, apesar de não citar o hidrogênio em seu programa e entrevistas durante o período eleitoral, chegou a visitar o porto do Pecém, no Ceará, durante a pré-campanha.

Na época, o então governador Camilo Santana, do PT,  apresentou ao presidenciável os planos do estado em se tornar um hub internacional de hidrogênio renovável. O porto já possui dezenas de memorandos de entendimento para a produção do H2V.

Jair Bolsonaro (PL)

O programa do presidente Jair Bolsonaro, segundo lugar nas pesquisas eleitorais, é o que mais cita o hidrogênio verde.

O documento afirma que “o Brasil tem grande potencial de ser exportador de energia verde com a implantação de geração de energia limpa e alternativas, como a eólica offshore e o hidrogênio verde”.

Ao falar de planos para o desenvolvimento sustentável, cita que “deverão ser contempladas tecnologias que gerem combustíveis limpos, como o hidrogênio verde”.

E finalmente, destaca que o hidrogênio verde poderá contribuir para a consolidação do mercado de carbono, ao substituir a matriz de combustíveis fósseis no país.

O hidrogênio verde como passaporte ambiental

Foi durante a gestão de Bolsonaro que o MME lançou o Programa Nacional do Hidrogênio, com diretrizes para incentivar o desenvolvimento deste mercado.

O programa, entretanto, não privilegia o hidrogênio verde, mas todas as rotas possíveis para a produção do energético, incluindo combustíveis fósseis e a exploração do hidrogênio natural.

O hidrogênio também ocupou as discussões do programa Combustível do Futuro, também criado pelo MME durante a gestão Bolsonaro, para ampliar o uso de combustíveis sustentáveis e de baixa intensidade de carbono.

O atual presidente e os ministros do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e da Economia, Paulo Guedes, têm usado em seus discursos o potencial brasileiro para o hidrogênio verde e as eólicas offshore como um passaporte diplomático para limpar a imagem do Brasil, lá fora, de “pária” ambiental.


O que se espera para os próximos anos?

Agentes do mercado e representantes dos estados esperam para os próximos anos a definição de algumas políticas, que estejam presentes na Estratégia nacional para o hidrogênio, entre alas:

  • Uma estratégia nacional que harmonize as estratégias estaduais para o hidrogênio verde, lançadas por estados como o Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
  • Política industrial para cadeia do hidrogênio verde, que inclua a garantia de fornecimento e barateamento de equipamentos, como eletrolisadores.
  • Avanço do marco legal das eólicas offshore, com visão integrada ao desenvolvimento da indústria de hidrogênio verde.
  • Definição sobre o papel estratégico do gás natural para a produção do hidrogênio azul, aproveitando as grandes reservas do país, e o hidrogênio de baixo carbono a partir do etanol e biomassa.
  • Políticas para incentivo à tecnologias de captura e armazenagem de carbono (CCS), para produção de hidrogênio azul.
  • Incentivos para descarbonização da indústria nacional e transportes, que inclua o hidrogênio.
  • Acordos internacionais para comercialização do hidrogênio.

Simone Tebet  (MDB)

Quarta colocada nas pesquisas, Simone Tebet afirma em seu programa que o hidrogênio verde poderá ocupar papel no abastecimento energético e no controle de emissão de gases de efeito estufa;

“Acelerar a transição para uma matriz ainda mais limpa, renovável, segura, barata e eficiente de energia de baixo carbono, por meio da competição entre as diferentes fontes energéticas (eólica, solar, hidráulica, biocombustíveis, biomassa, hidrogênio verde, etanol e gás natural)”.

Responsável pelo setor de energia da emedebista, Jerson Kelman, já chamou a atenção para a capacidade do Brasil em fornecer ao mundo um dos hidrogênios mais verdes, considerando a grande presença de renováveis na nossa matriz elétrica (Brasil Energia).

Ciro Gomes (PDT)

O candidato, ex-governador do Ceará, defende que o hidrogênio verde deve fazer parte da da reformulação estratégica de negócios da Petrobras, em direção a uma “empresa de ponta no desenvolvimento de novas fontes de energia”.

“Neste contexto, deveremos desenvolver várias formas de energia limpa, como a eólica (onshore e offshore), a solar e a baseada na produção de hidrogênio verde”, cita em seu programa.

Além disso, Ciro em seus discursos e entrevistas vem falando com frequência do hidrogênio verde e o impacto econômico que esta indústria pode ter no país.

“Transformaremos o Brasil no principal polo de hidrogênio verde do planeta”, declarou o candidato em agosto, em campanha no Rio de Janeiro. (UOL)

Notícia publicada originalmente em: https://epbr.com.br/hidrogenio-verde-na-agenda-dos-presidenciaveis

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