Por Equipe de comunicação do Seminário Internacional, com tradução do Jubileu Sul Brasil
Terminou nesta sexta-feira (19) o II Seminário Internacional sobre Soberania Energética, Integração Elétrica e Gestão Pública para o Bem Viver, uma iniciativa de organizações, movimentos sociais e sindicatos.
Nas dependências do Sindicato dos Trabalhadores da ANDE (SITRANDE), em Assunção (Paraguai), concluiu-se hoje o evento, no qual dezenas de participantes da Argentina, Brasil, Bolívia, Chile e Paraguai expuseram, ao longo de três dias, aspectos relacionados à reivindicações ligadas à Revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, a demanda dos povos indígenas Avá-Guarani e das comunidades alagadas. Da mesma forma, foram abordadas questões socioecológicas, assim como o tema das dívidas, como a dívida social e pública, principalmente externa, que atinge pautas prioritárias da população, como a saúde e, por fim, a demanda de renacionalização da empresa Eletrobras.
Em relação aos interesses do Paraguai e do Brasil, vinculados à hidrelétrica de Itaipu, destacou-se a realização de uma negociação justa do preço da energia, baseada na ideia de desenvolvimento sustentável para os cidadãos de ambas as margens, não como é proposta hoje, em que os governos de ambos os países procuram privilegiar os interesses de uma oligarquia.
Natureza e dívida pública
Outro aspecto discutido foram os novos paradigmas da relação povos-natureza, resgatando a experiência chilena e a proposta de uma nova constituição nacional, que será votada em breve. Da mesma forma, notou-se que a soberania tem vários componentes, não apenas energético, e que inclui questões como finanças, organizações e meio ambiente. A propósito, mencionou-se em particular a dívida pública dos Estados nacionais, que se baseia num esquema internacional centrado nos grandes lucros dos bancos dos países centrais, bem como na dependência.

Representantes das comunidades indígenas Ava-Guarani e organizações ribeirinhas atingidas pelas barragens também deram depoimentos sobre os atrasos que vêm sofrendo dos diferentes governos, em especial, o de Jair Bolsonaro e Mario Abdo Benítez, sobre os quais também lembraram que foram os principais articuladores do chamado “Ato Secreto”, em 2019.
O II Seminário Internacional Soberania Energética, Integração Elétrica e Gestão Pública para o Bem Viver deu continuidade ao processo de discussão iniciado no primeiro evento, em novembro de 2021, sobre integração e soberania energética e elétrica, papel do Estado, direitos humanos e questões socioambientais , especialmente o povo Avá-Guarani paranaense, que são indígenas atingidos pela construção da hidrelétrica de Itaipu e que lutam há décadas por reparação.
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Postado originalmente em: https://jubileusul.org.br/noticias/defesa-da-soberania-regional-foi-ponto-central-no-ii-seminario-internacional-soberania-energetica/