Curso Internacional de Energias Renováveis inicia em Cajazeiras (PB)

Primeiro dia reuniu reflexões sobre o semiárido e trocas de saberes entre países.

A cidade de Cajazeiras, no sertão Paraibano, é sede do primeiro dia do Curso Internacional de Energias Renováveis, que teve início nesta quarta-feira (10) no Centro Pastoral da Diocese de Cajazeiras e tem como objetivo promover a troca de experiências e vivências no uso de tecnologias renováveis de energia.

A programação, que se estende de 10 a 17 de outubro, reúne professores, especialistas, jornalistas e pesquisadores de quatro países: Bolívia, Peru, Alemanha e Brasil, o Grupo de Diálogo Energético "3+1". O curso é um esforço conjunto entre Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social, Comitê de Energias Renováveis do Semiárido, Cáritas Brasileira e Frente por uma Nova Política Energética para o Brasil, com o apoio da instituição alemã MISEREOR.

Foto: Lucas Oliveira.

Pela manhã, o primeiro debate voltou-se à necessidade de novas perspectivas coletivas sobre a questão.  O Bispo da Diocese de Cajazeiras, Dom Francisco de Sales, enfatizou a “conversão ecológica” da sociedade, como forma de mudança individual e enquanto sociedade, na lida com o planeta Terra.

Já João Paulo Couto, assessor da Cáritas Brasileira na temática Convivência com os Biomas, destacou a importância da energia solar pensada e realizada como bem social, distante da forma mercadológica e acessível às comunidades mais pobres.

O assessor do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social, Ivo Poletto, foi homenageado pela dedicação e trabalho por uma sociedade mais justa, inclusiva e igualitária. Poletto, que articulou toda a programação do dia, reforçou o elo entre as consequências climáticas para a Terra e a utilização das fontes fosseis.

Homenagem a Ivo Poletto.

Coordenada por César Nóbrega (CERSA) e composta pela Prof. Dra. Mariana Moreira (UFCG), João Raimundo (ASA) e Ivo Poletto (FMCJS), a segunda fala da manhã abordou em comum as mudanças climáticas e o semiárido.

“Precisamos mudar a compreensão que o seminário é um não-lugar. Discutir a convivência com o semiárido implica na diversidade de culturas e realidades, a multiplicidade de regiões e povos” – comentou Dra. Mariana Moreira.

A Articulação do Semiárido (ASA) que une experiências com ONGs, moradores da Zona Rural, escolas, entre outros, denuncia a dificuldade em manter ações entre as mais de mil organizações, devido aos cortes de recursos provenientes do governo federal. Ações estas, como as Bombas Solares utilizadas em cisternas e caixas d’água de comunidades do semiárido, em contraponto às dispendiosas bombas elétricas.

Participantes da Bolívia, Peru, Brasil e Alemanha estarão reunidos até o dia 17 de Outubro no Sertão Paraibano.

À tarde, a troca de saberes formou a primeira mesa com representantes do Peru, Bolívia e Brasil. Um dos representantes do CERSA, Walmeran José Trindade apresentou projetos como a Escola Solar, Igreja Solar, Padaria Solar, Projeto Agentes Comunitários de Energia, Nossa Casa Solar e a Fábrica Escola, todas iniciativas locadas na Paraíba, em parceria com diversas instituições nacionais e internacionais.

Representantes do Peru chamaram atenção para as consequências climáticas diretas na Cordilheira do Andes, com número alarmantes do derretimento de suas geleiras, e o impacto direto no fornecimento de água para as populações que vivem em regiões mais altas, além das contrariedades da Nova Ley Orgánica de Hidrocarburos.

Entre os participantes da Bolívia, o grupo de trabalho Cambio Climático y Justicia, apresentou o “Estudo Sociedade e Energia na Bolívia”, refletindo sobre transição energética e o panorama atual da geração e exportação de energias na Bolívia e as potencialidades não exploradas para o uso de energia solar fotovoltaica.

A economista Tania Ricaldi (Bolívia) falou na última mesa, composta por representantes de cada país.

Encerrando o primeiro dia do curso, Gerhard Braunmiller da MISEREOR pontuou sobre usos, metas e promoção de renováveis utilizadas na Alemanha, bem como as reações econômicas e culturais advindas dessas ações.

Apesar das particularidades de cada país, o panorama geral já desponta em um diálogo perceptível de similaridades, até mesmo nas dificuldades, para implementação de novas óticas acerca de matrizes energéticas renováveis, que ao longo do curso prometem estar mais latentes e afinadas.

Publicado originalmente no site do CERSA.

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